Querida Alma... É com tamanha carência que lhe escrevo a principio lhe digo a falta a que me faz o seu calor. Embora tão rude e fria lhe faça parecer, meu corpo padece a cada inverno. Se desfazendo em pedaços, presumo então a metamorfose. Assim é como vivem as borboletas da primavera, medonhas em seus casulos, mas quando desabrocham são belas como uma rosa. A nossa diferença é mera diante dos meus olhos tristonhos e desamparados. Tão simples que elas possam voar de encontro à liberdade, infinita sobre os céus. E tão humana sou a ponto de andar sobre tropeços de olhos vendados e morrer na escuridão.